Mata Hari, A Dançarina

Um Anjo Caído, assim era conhecida pelos quarteirões parisienses da Belle Époque. O peso e as cores vibrantes dos acessórios cedia ao rosto arredondado a autoridade para o pecado. Deus me livre saber o que havia nas casas em que ela dançava, ouvi dizer que seminua: o palco a envolvendo como uma vitrine de harmonia e luxúria.

Dizem que, diante dela, os nobres todos imploravam aos berros, sem saber pelo quê. As maçãs do rosto da moça – quase infanto – beijando a sensualidade leve de um passo de dança contorcido, os pés nas pontas, outro passo; os olhos nos olhos da plateia: dizem que dançava também com os olhos.

Contorce-se sem pressa – cochicham as senhoras decentes pelas ruas de Paris – a agilidade de uma serpente de planos profundos: pode passar por aqui, senhor, estou ligeiramente à espreita, mas o senhor pode se distrair com minhas cores, Olhe este acessório em meu ventre! Veja-me! Os olhares dos homens a fugirem aos rostos, ludibriados.

Uma rapariga enfeitada, ainda que totalmente despida: contam que é assim que se encerra o número de dança. O suspiro dos vivos, ela nua.

Aos sussurros pelas esquinas, ainda se conta a história: parece que, durante sua execução pública na Grande Gurrra (frente a doze soldados armados, a serviço da artilharia francesa), assim a dançarina encerrara sua apresentação: à ausência de roupas quaisquer.

No mais, não permitiu que lhe vendassem: Queria olhar os soldados nos olhos. Enviou-lhes beijos, satisfeita. Agradeceu aos aplausos e encerrou o espetáculo.

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Criss.

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